Cacoal
Coluna do Xavier – Cacoal: A política, as pontes e o chapéu…
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FRANCISCO XAVIER GOMES
O ex-governador Ivo Cassol costumava dizer, durante o período em que governou o estado, da existência em Rondônia de muitos políticos do tipo que adoram “fazer filhos na mulher dos outros”. Cassol não tem nenhuma obrigação de conhecer ou usar eufemismos, porque o estilo dele nunca foi eufemista. Todavia, a expressão utilizada por Cassoal para criticar políticos oportunistas encontra o eufemismo equivalente na conhecida expressão “fazer cortesia com o chapéu alheio“, adágio secular, mas muito adequado aos tempos atuais. Se o ex-governador da Zona da Mata tivesse recebido o convite do alcaide obediano para o “lançamento da obra de uma ponte” em Cacoal, certamente usaria sua velha artilharia pouco eufemista para esculachar o chapolinato e seus prosélitos, porque o oportunismo e o desprezo pelo trabalho dos outros é algo muito asqueroso…
Inicialmente, cabe esclarecer, para contextualizar o leitor, que este ano existe uma possibilidade muito concreta de acontecer em Cacoal a construção de duas pontes no setor urbano, cuja principal finalidade é impedir que as águas dos rios Pirarara e Machado causem inundações em período chuvoso. Esta situação acontece, porque as galerias colocadas nos locais não suportam o volume de água e centenas de moradores têm suas casas invadidas pelas águas que transbordam desses rios. O bairro Floresta é um dos mais atingidos e os prejuízos são inestimáveis a cada ano. Claro que outras regiões da cidade também sofrem, mas nada se compara à situação dos moradores do bairro Floresta. Esse problema é muito antigo, porém muitas autoridades sempre ignoraram completamente a situação. Em geral, políticos rondonienses gostam de filhos bonitos; e as pontes que resolvem o problema, durante esses anos todos, têm sido apenas filhos feios…
Certamente, a teoria do filho feio não intimidou uma moradora do Bairro Floresta, chamada Edivane Labendz. Ela assumiu um compromisso sério, e voluntário, na luta pela construção das pontes, ainda no ano de 2014. Edivane fotografou todos os ângulos possíveis do Rio Pirarara, juntou documentos, protocolou centenas de documentos em todos os gabinetes possíveis, de todos os políticos que declaram amor a Cacoal. Esses documentos foram acompanhados de quase 2 mil assinaturas que ela colheu, de casa em casa, no Bairro Floresta, sem nunca ter recebido qualquer salário de político nenhum. Neste período, Edivane Labendz acabou encontrando um aliado fiel, chamado Ademar Oliveira, que cuidou com muito zelo da burocracia dos documentos. A participação dele foi determinante, pelo excelente grau de amizade que possui com o ex-deputado federal Luís Cláudio da Emater, que exercia mandato na época e comprou definitivamente a briga pela construção das pontes. Mesmo quando deixou o mandato, ele fez várias viagens a Brasília em busca dos recursos. Luís Cláudio passava informações periódicas para Edivane e Ademar, sobre a tramitação da documentação. Em diversas ocasiões, Luís Cláudio esteve em Cacoal e visitou Edivane para dar explicações sobre o projeto. Até uma audiência pública foi organizada em Cacoal para tratar deste assunto…
Essas informações são absolutamente necessárias para que se faça justiça, em relação às pessoas que realmente ajudaram transformar a história das pontes em realidade. E foram somente essas pessoas? Não!! O próprio Cassol ajudou na busca por recursos junto com Luís Cláudio, já que era senador e tem relação antiga com o ex-deputado. E a deputada Jaqueline Cassol teve participação na história? Teve, sim!! Ela ajudou em Brasília para que não fossem perdidos os recursos conseguidos por Luís Cláudio e Ivo Cassol. Como eles ficaram sem mandato, lógico que a participação dela foi importante. Como acompanho essa situação desde o começo, não lembro de nenhum outro político que tenha ajudado na luta de Edivane e Ademar. Não que eu tenha problema de amnésia. Nunca tive!! É porque não tem outros nomes, mesmo!!! Qualquer outro político que sair fazendo discursos sobre esta obra está apenas “fazendo filho na mulher dos outros“, como diria Cassol; ou gosta de atuar como “papagaio de pirata” no universo político obediano…
Essa semana, quando surgiu esse papo de “lançamento da obra“, eu questionei sobre o respeito com o qual deveriam ser tratadas as pessoas que efetivamente protagonizaram os fatos, especialmente a senhora Edivane Labendz e o senhor Ademar Oliveira, porque conheço muito de perto o trabalho que fizeram. Claro que isso pode melindrar algumas pessoas que possuem predileção pela bajulação exacerbada, coisa comum em Nossa Urbe Obediana. Entretanto, não tenho nenhuma preocupação com os egos que ficaram sem massagem, porque não devo explicações a esse pessoal. Então, quando forem construídas as pontes, vamos poder pensar sobre essa turma, enquanto muitas águas passarem embaixo das pontes que jamais aconteceriam sem Luís Cláudio, Ademar e Edivane. Por enquanto, vamos precisar ter o mínimo de respeito pelo chapéu dessas três pessoas…Tenho dito!!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista
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